A FÉ E
A CORAGEM
A fé é a condição única e
libertadora que Deus concedeu ao homem como Graça para a sua livre permanência ao
lado do Criador. Esta Graça foi doada aos primeiros pais já no paraíso; eles
poderiam ter sido mais corajosos para aceitarem a bondade do Pai.
Para ter fé e coragem de se
entregar total e incondicionalmente ao Pai é necessário se tornar escravo de
Deus. Renunciando a todas as nossas vontades, somos livres para viver a vida
plenamente.
Ter fé e coragem requer de
todo homem um ato extremo de humildade para aceitar a única realidade possível
e inerente a todo ser humano; isto é, a de que toda a humanidade foi criada por
Deus à sua imagem e semelhança. Portanto, toda a obra de criação de tudo o que
existe, visível e invisível, é obra do Pai eterno.
A obra imensurável de Deus é,
por sua própria natureza divina, original, pois nada, nem ninguém, em momento
algum, pode se comparar e ser igual a Deus, ainda que conhecedor de alguns
aspectos da criação. Só Deus, por ser o Princípio da Sabedoria, tem o poder de
tudo criar.
Mas, como os primeiros pais, que
por sua livre vontade se deixaram enganar pelo maligno e pai da mentira, muitos
outros, no decorrer do tempo histórico, e embriagados pelos vícios da soberba, do
orgulho e da vaidade, enganam a si mesmos com a infâmia de se compararem a Deus
só pelo fato de conhecerem o bem e o mal.
Ao querer ser original como
Deus, o homem perde o temor de Deus e deixa de ser livre. Essa transformação do
ouro em chumbo faz com que o homem vaidoso, por não ter luz própria e original,
viva sua vida procurando agradar aos homens, tornando-se escravo da opinião
pública.
Ele, então, conhecedor do bem
e do mal no mundo terrestre, pensando ser como Deus, tudo pode fazer sem receio
e nada temendo, pois não há mais a necessidade de se acreditar tanto no
inferno, como no céu, vez que, para ele, só importa a sua, embora falsa,
dominação no “paraíso” terrestre. O seu poder é temporal e mundano.
O homem soberbo, para manter a
falsa e ilusória crença de poder humano, infinito e semelhante ao original
poder de Deus, para o Pai ele endurece seu coração, pois não havendo mais
pecado a ser perdoado, a misericórdia infinita de Deus passa a ser mera
especulação de uma crença retrógrada que ofende e oprime o impetuoso poder
humano.
Ele, então, renega a Salvação
divina concretizada no Sangue e na Água do Redentor do mundo aos pés da Santa
Cruz. Ao não esperar mais a Salvação do Pai, o homem se torna tão grande que
passa a ver Deus de forma tão pequena.
Não havendo mais pecado no
livre proceder do homem, ele impõe a Deus a chaga de ser extremamente tolerante
com as condutas daqueles que se igualam a Ele, pois todos terão os mesmos
méritos para as suas supostas salvações.
O homem orgulhoso por entender
ser igual a Deus cria a sua própria verdade, substituindo ou renegando a
Verdade única e já conhecida que é nosso Senhor Jesus Cristo, o caminho e meio
que Deus nos dá para a nossa salvação. Rejeitar o caminho verdadeiro que nos
conduz ao convívio junto ao Pai é um ato de loucura que visa recusar a Graça de
Deus; demonstra este ato de insanidade a inveja e o ódio que tem o homem com o
misericordioso amor de Deus.
Como tudo é possível e
tolerado como ato decorrente de um direito humano, o homem se recusa a crer que
é pecador. Dessa forma, ele erroneamente pensa ser uma pessoa que basta por si
e se recusa a pedir a misericórdia de Deus. Nada sendo censurado, tudo podendo
ser feito e tolerado, o homem, então, passa a ser obstinado pelo pecado,
fazendo desta abominação um meio de vida.
Entre a fé e a coragem há a livre
vontade do homem de ser obediente a Deus, tornando-se sua imagem e semelhança,
ou, então, pela desobediência, renegar a sua semelhança.
Fr.
José Antonio Rocha.
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